TEXTO PARA A EXPOSIÇÃO COLETIVA DE PINTURA
NO FOYER DO CINE TEATRO CASA DO COMÉRCIO- 2013
A exposição “O
Artista, a Poética e o Devir” foi também pensada, segundo a abrangência da
temática, como um constituinte de espaços comuns para evidências de tempos
diferentes, sobretudo de um kairós (qualitativo), em que se apresentam índices
da arquitetura da obra e do Ser Artista - transformantes no seu processo
formativo. Esse processo se manifesta em ações perseguidoras da poética, que
ligam presentividades dos tempos, passado e futuro para, pelo Artista e o
suporte, conferir plenitude material no que se torna posto, e em que se evocam
ontologias - possibilidades de estruturação da historicidade do nosso ser
singular/plural. O Artista também se caracteriza por uma espacialidade –
cotidiana - em que efetuam e inspiram suas produções e reproduções,
articulantes de realidades dos mundos que os cercam, que se anunciam às
especificidades históricas, do mundo que é à sua maneira.
A existência
heterogênea mutante do Artista se lança também nas imprevisibilidades dos
aconteceres, e isso pode ocasionar respeitáveis desestabilizações de alicerces
para o seu ser, que não se finaliza em nenhum espaço/obra, porque pertencente
ao virtual – é um continuo Devir. O que temos então no espaço/obra? Um momento
de objetivação da subjetividade de um ser, que em movimento continua sendo – no
artista, nos expectadores e evocando condições apropriantes de
intuitivas-razões de significados.
Assim como é
certeiro que o permanente são as mudanças e transformações, é de se esperar o
tempo (Kairós) em que o Artista resolve assinar a obra, dando-a como
“concluída”. Estejamos também certos, de que sempre haverá possibilidade de
melhorá-la cada vez mais, bastando-lhe prestar maior tempo de cuidados. Mas
também não podemos negar a possibilidade de “arruiná-la”. Quando o Artista
assina a obra decide não oferecer a ela mais tempos de cuidado, e busca o
contentamento no que se tem determinado até então. Assinar a obra, indicando a
sua “conclusão” significa abandoná-la, privá-la de para além do que se
concretizou no suporte material, mas não no suporte das nossas imaginações. O
artista abandona a obra para ser completada pelo expectador.
Flávio Ribeiro
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